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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Apocalipse segundo Rasputin

O mago cercado por suas admiradoras na corte russa, em foto de 1910

O nome Rasputin tem a mesma raiz da palavra raspoutny, que significa “depravado”. O místico ganhou o apelido depois de se envolver em escândalos na juventude. Costuma-se situar seu nascimento na segunda metade da década de 1860, em um vilarejo da região de Tobolsk, na Sibéria.
Gostava de assediar mulheres, de disputar braço de ferro e de beber além do razoável. Desde a infância, tinha “surtos de misticismo”, talvez herança das histórias extraordinárias contadas por monges que se abrigavam na casa de sua família.
Aos 19 anos, Rasputin se casou com uma camponesa e teve com ela cinco filhos. Seis anos depois, acreditou ver a Virgem Maria no campo. Um eremita o aconselhou a ir ao monte Atos, na Grécia. Ele abandonou a família, partindo em uma peregrinação que duraria mais de dez meses. Viveu da caridade e fez paradas em mosteiros, onde adquiriu parco conhecimento da escrita e um verniz suficiente para se fazer passar por religioso.
Foi assim que cresceu pouco a pouco sua reputação de sábio e de curandeiro. Mas havia também uma vida mística secreta a envolver Rasputin. Ele frequentava reuniões dos khlysty, seguidores de uma seita que associava erotismo e religião. Em igrejas abandonadas, iluminadas por velas, adeptos de ambos os sexos, usando unicamente véus transparentes, entregavam-se a danças que degeneravam em transes e orgias selvagens.
Depois de ouvir dizer que o imperador e a imperatriz eram excessivamente ocidentalizados, ele quis conhecê-los e iniciá-los no que seria “a verdadeira alma russa”. Em 1904, munido da carta de recomendação de um bispo, foi para São Petersburgo e impressionou a grã-duquesa Anastácia, que o apresentou à família imperial.
Como sabia que o herdeiro Alexis era hemofílico, Rasputin pôs suas mãos sobre o garoto e mandou que fossem jogados fora os remédios que tomava – aspirina, cujo efeito anticoagulante era desconhecido na época. A criança, claro, melhorou.
Três anos mais tarde, Alexis teve crises de hemorragia interna, que os médicos não conseguiam controlar. Rasputin foi chamado, benzeu a família imperial e se pôs a orar. Ao cabo de dez minutos, disse: “Abre teus olhos, meu filho”. E o menino despertou, sorridente. Rapidamente, sua saúde melhorou.
Encantada, a imperatriz delegou-lhe grandes poderes políticos. Ele assinava e transmitia petições de promoções e nomeações. Não cobrava dos pobres, dos ricos pedia somas razoáveis, e das mulheres, favores sexuais.
Tinha horror à guerra. Assim, em 1914, suplicou ao czar que a Rússia ficasse fora da Primeira Guerra Mundial. “Tu és o czar, o pai de teu povo. Não deixes que os lunáticos triunfem, te destruam a ti e a teu povo. (...) Nós nos afogaremos em sangue. Grande desastre e miséria infinita”, escreveu ao czar.
Fiel a sua aliança com a França, Nicolau II enviou suas tropas. O que veio depois da grande crise decorrente da guerra foi a revolução de 1917, que lhe custou a vida e a de sua família.

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