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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A carta de Pero Vaz de Caminha - 2 de 27


topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum
grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra
chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o MONTE PASCOAL
e a terra – a TERRA DA SANTA CRUZ.
Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braços; e ao sol posto, obra
de seis léguas da terra, surgimos âncoras, em dezenove braças – ancoragem limpa. Ali
permanecemos toda aquela noite. E à quinta-feira, pela manhã. Fizemos vela e
seguimos direitos à terra, indo aos navios pequenos diante, por dezassete, dezasseis,
quinze, catorze, treze, doze, dez e nova braças, até meia légua da terra, onde todos
laçamos âncoras em frente à boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez
horas pouco mais ou menos.
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito,
segundo disseram os navios pequenos, por chegaram primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes; e vieram logo todos os capitães
das naus a esta nau do capitão-mor, onde falaram entre si. E o capitão-mor mandou em
terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para
lá, acudiram pela praia homens, quando os dois, quando aos três, de maneira que, ao
chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas
vergonhas. Nas mãos traziam arcos com setas. Vinham todos rijamente sobre o batel; e
Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar
na costa. Deu-lhes somente um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava
na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um

continua...

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